O que ela busca é aprofundar um tema que favoreça a conversão pessoal e social
Por Dom Aparecido Donizeti, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre
No desejo de fortalecer mais a fraternidade e solidariedade entre todas as pessoas, há várias décadas, a Igreja no Brasil aproveita a Quaresma, tempo especial de conversão e preparação para a Páscoa do Senhor, para o lançamento da Campanha da Fraternidade. O que ela busca é aprofundar um tema que favoreça a conversão pessoal e social de maneira que nos prepare melhor para a Celebração do Mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
O tema da Campanha da Fraternidade para esse ano de 2019 é “Fraternidade e Políticas Públicas” com o seguinte lema: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is. 1,27). O objetivo geral dessa CF, conforme o texto base da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), é “estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”. Alguém até poderia questionar o que tem a ver esse tema com a Quaresma e, sobretudo, com a Páscoa do Senhor. A resposta seria a partir da compreensão que temos do Mistério Pascal de Cristo. Sua paixão e morte foi consequência de uma entrega sem dúvida à vontade do Pai. Essa vontade está bem clara no evangelho de João, quando Jesus afirma: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Muitos, sobretudo as autoridades religiosas e políticas da época, não acolheram a proposta de Jesus e o condenaram à morte e morte de cruz.
Portanto, quanto mais uma pessoa compreende a mensagem de salvação de Jesus, e busca viver a partir dessa mensagem, vai buscar crescer como verdadeiro discípulo Dele. Da mesma forma que Jesus fez de sua vida uma doação para que todos alcançassem a verdadeira vida, o discípulo nos dias de hoje vai procurar também usar todos os meios para promover e defender a vida de todos e, especialmente, daquela pessoa cuja vida esteja desfigurada pelas situações de pecado e injustiças sociais. A participação consciente e ativa nas Políticas Públicas é uma forma concreta para, à luz da fé, viver como verdadeiros discípulos missionários de Jesus no mundo de hoje.