Chegamos a mais um mês de setembro, tempo especial para a Igreja no Brasil. Desde 1971, este mês se tornou ocasião privilegiada para aprofundarmos nosso amor pela Sagrada Escritura, promovendo em nossas comunidades momentos de estudo, oração e celebração em torno da Palavra de Deus. O chamado “Mês da Bíblia” nasceu para aproximar ainda mais o povo da Palavra, ajudando cada cristão a perceber que a Bíblia não é um livro distante, mas fonte de vida e alimento para a caminhada.
Em 2025, nosso olhar se volta para a Carta aos Romanos, obra profunda do apóstolo Paulo e uma das expressões mais ricas da fé cristã primitiva. O lema escolhido — “A esperança não decepciona” (Rm 5,5) — nos coloca diante de uma verdade que atravessa os séculos e chega até nós com força renovada. É o Espírito Santo, derramando o amor de Deus em nossos corações, que faz com que possamos esperar sem medo de ser enganados.
Quando falamos de esperança, não nos referimos a uma ilusão ou a um simples desejo de que as coisas melhorem. Para o cristão, esperança é certeza: sabemos que Deus é fiel e que Sua promessa não falha. Paulo escreve aos cristãos de Roma que viviam em meio a tensões sociais e perseguições, para dizer-lhes que, apesar das dificuldades, eles não estavam sozinhos. O amor de Deus os sustentava, e essa mesma convicção deve sustentar também a nós, hoje.
Quantos de nossos irmãos e irmãs se encontram sem esperança! Famílias desestruturadas, jovens que não encontram perspectivas, trabalhadores que sofrem com o desemprego, idosos abandonados, pessoas vítimas da violência e da pobreza. Muitas vezes a tentação do desânimo bate à porta. Mas a Palavra de Deus, neste Mês da Bíblia, nos recorda: “a esperança não decepciona”. Não porque confiamos em nossas forças, mas porque confiamos em Deus que é fiel.
O Papa Leão XIV, neste Jubileu de 2025, tem insistido em que a Igreja seja testemunha de esperança em um mundo fragmentado. Ele nos lembra que, se a esperança vem de Deus, deve se traduzir em compromisso concreto com os irmãos. Celebrar a Palavra, portanto, não pode ficar apenas no estudo intelectual ou na devoção íntima: deve tornar-se prática de vida. A esperança cristã se manifesta em gestos de solidariedade, em palavras de conforto, em ações que promovem dignidade e paz.
Ao olharmos para nossas comunidades, percebemos que a Palavra de Deus é força capaz de unir, de curar feridas e de apontar novos caminhos. Quantos grupos de círculos bíblicos, de leitura orante e de estudo comunitário se reúnem mês após mês, encontrando na Bíblia luz para discernir suas vidas! A Carta aos Romanos, em particular, nos ajuda a compreender que a fé não se reduz a normas ou tradições, mas é vida nova no Espírito, que nos dá coragem para seguir em frente.