Corpus Christi – 08 de junho

“Jesus manda aos seus discípulos que vão preparar o lugar para celebrar a ceia pascal. Foram eles que perguntaram: Mestre, «onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?» Enquanto contemplamos e adoramos a presença do Senhor no Pão Eucarístico, somos chamados também nós a interrogar-nos: Em que «lugar» queremos preparar a Páscoa do Senhor? Quais são os «lugares» da nossa vida onde Deus nos pede para o hospedarmos?”, perguntou o Papa  Francisco.

De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se ele morre de fome na pessoa do pobre? Primeira dá de comer a quem tem fome, e depois ornamente a sua mesa com o que sobra. Queres oferecer-lhe um cálice de ouro e não és capaz de lhe dar um copo de água? De que serviria cobrir o seu altar com toalhas bordadas a ouro, se lhe recusas a roupa de que precisa para se vestir? 

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, Homilias sobre Mateus 50, 3-4

“Portanto, não basta afirmar que Jesus está presente na Eucaristia, mas é preciso ver nela a presença de uma vida doada, e participar dela. Quando pegamos e comemos aquele Pão, nós nos associamos à vida de Jesus, entramos em comunhão com Ele, nos comprometemos em realizar a comunhão entre nós, a transformar a nossa vida em dom, principalmente aos mais pobres”.

Só Deus satisfaz a nossa sede profunda

 

“Uma sala grande para um pequeno bocado de pão. Deus faz-se pequeno como um bocado de pão e, por isso mesmo, é preciso um coração grande para o poder reconhecer, adorar e acolher. A presença de Deus é tão humilde, escondida, por vezes invisível, que precisa dum coração preparado, desperto e acolhedor para ser reconhecida. Se em vez duma grande sala, o nosso coração se assemelhar a um reposteiro onde conservamos tristemente as coisas velhas; se ele se assemelhar a um sótão para onde já há muito mandamos o nosso entusiasmo e os nossos sonhos; se ele se assemelhar a um quarto acanhado e escuro, porque vivemos apenas de nós mesmos, dos nossos problemas e amarguras, então será impossível reconhecer esta presença silenciosa e humilde de Deus”, disse o Papa, acrescentando:

Serve uma sala grande. É preciso alargar o coração. Precisamos de sair do pequeno quarto do nosso eu e entrar no grande espaço do encanto e da adoração. Este é o procedimento diante da Eucaristia, disto precisamos: a adoração. A própria Igreja deve ser uma sala grande. Não um círculo restrito e fechado, mas uma Comunidade com os braços abertos, acolhedora para com todos.

Na Eucaristia, contemplamos o Deus do amor

Por fim, a imagem de Jesus que parte o Pão. “É o gesto eucarístico por excelência, o gesto identificador da nossa fé, o lugar do nosso encontro com o Senhor que se oferece a fim de nos fazer renascer para uma vida nova. Este gesto é desconcertante: até então imolavam-se cordeiros para se oferecer em sacrifício a Deus, agora é Jesus que se faz cordeiro e se imola para nos dar a vida. Na Eucaristia, contemplamos e adoramos o Deus do amor. É o Senhor que não fraciona ninguém, mas fraciona-se a si mesmo. É o Senhor que não exige sacrifícios, mas sacrifica-se a si mesmo. É o Senhor que não pede nada, mas dá tudo”.

Para celebrar e viver a Eucaristia, também nós somos chamados a viver este amor. Porque não podes partir o Pão do domingo, se o teu coração estiver fechado aos irmãos. Não podes comer este Pão, se não deres o pão aos famintos. Não podes partilhar deste Pão, se não partilhas os sofrimentos de quem passa necessidade. No fim de tudo, inclusive das nossas solenes liturgias eucarísticas, restará apenas o amor. E, já desde agora, as nossas Eucaristias transformam o mundo, na medida em que nós mesmos nos deixamos transformar tornando-nos pão partido para os outros.

 

 

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