Clique aqui para acompanhar e participar
Domingo de Ramos (Humildade de Jesus e Sua exaltação)
O domingo de Ramos marca o início da semana santa. Neste dia, de forma especial a Igreja faz memória da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém. Este fato realmente foi importante, pois todos os evangelistas relatam esta entrada de Jesus na cidade Santa aclamado pela multidão dos hebreus como o messias. A fama de Jesus havia se espelhado por todo lugar, todos queriam vê-lo, judeus e pagãos. Enquanto isso os chefes do sinédrio estão pensando em como matar Jesus.
Do ponto de vista litúrgico se celebra neste dia a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém e já se vive pela primeira vez a paixão do Senhor.
A procissão de ramos não é simplesmente uma imitação ou uma dramatização da entrada messiânica de Jesus, mas deve ser também para quem vive este dia um momento em que mais uma vez reconhecemos a entrada de Jesus como o messias salvador na minha vida e para o mundo. Neste dia é muito importante se estar atento a tudo que se vive na liturgia, pois o mesmo povo que acolhe o Senhor é o povo que manda crucificar, a liturgia é rica e quando vivemos bem este dia nós abrimos para viver bem os outros dias da semana santa. Que este dia seja um prelúdio da semana santa em nossa vida e abra o nosso coração para caminharmos com Cristo para cruz.
Segunda (A humildade de Cristo no cumprimento da vontade de Deus)
A semana santa começa no domingo, mas muitas vezes nós não percebemos que toda a semana se volta para o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, pois a maioria das pessoas acaba participando das celebrações apenas dos dias do tríduo pascal. Nesta segunda-feira a primeira leitura é retirado do livro do profeta Isaías (Is 42,1–7) é o cântico do servo sofredor que veio para sofrer pelo seu povo para carregar os seus pecados. Esse servo é o próprio Jesus. No evangelho de João vemos que seis dias antes da Páscoa, Jesus vai visitar Lázaro que ele ressuscitara. (Jo 12,1-11). Nesta visita Maria irmã de Marta e Lázaro quebra um jarro de perfume de nardo puro e banha os pés de Jesus. Neste dia, mais uma vez, Jesus anuncia a sua paixão. “Maria quer expressar a intensidade do seu amor com um presente de qualidade e caro. Judas não entende a linguagem de amor, só entende a do interesse.”[1] Peçamos ao Senhor a graça de quebrarmos nossos perfumes, de unirmos a nossas dores a dor de Cristo neste caminho em direção a Cruz. Que este dia não seja um segunda-feira qualquer, mas que busquemos preparar o nosso coração para acolher a salvação.
Terça (Jesus manso e humilde)
Neste dia no evangelho já nos encontramos em meio a santa ceia, Jesus faz a sua entrega, o Filho do homem será glorificado. Neste momento Jesus fala sobre a traição de judas e a negação de Pedro. Muitas vezes nós com nossas vidas não somos testemunhas fiéis de Cristo, o negamos ou até o traímos quando não falamos a verdade por medo ou vergonha. Louvemos ao Senhor porque mesmo em meio as nossas quedas Ele está disposto a dar a vida por nós. Jesus deixa claro que ele sabia que ia ser traído e abandonado e mesmo assim estava disposto a dar a sua vida em regaste da humanidade.
Quarta (Caminho cristão, caminho de humildade como o de Jesus)
Existem muitas tradições próprias da quarta-feira da semana santa em vários lugares. As paróquias sempre buscam motivar de alguma forma a vivência deste dia. Algumas realizam a procissão do encontro, que representa o encontro de nossa senhora com Jesus carregando a sua cruz. Outros lugares se celebra o ofício das trevas uma celebração em que a Igreja fica completamente escura com um candelabro com quinze velas acesas na frente do altar. Se canta salmos penitenciais e a cada salmo cantado uma vela é apagada. No final resta apenas uma vela que não é apagada que representa o próprio Cristo. Neste dia no evangelho (Mt 26,14–25) Judas negocia com os fariseus o valor para entregar Jesus. O Senhor, com seu testemunho, nos pede para não termos medo da cruz. O senhor derrama o seu Espírito sobre nós para caminharmos para cruz.
Quinta (Ação de graças de Cristo)
A Quinta-feira Santa faz parte da preparação em vista da Páscoa do Senhor e consequentemente da sua Esposa, a Igreja. É neste dia que se dá o início do Tríduo Pascal, a preparação para a grande celebração por excelência, que é a da Páscoa, da vitória de Jesus Cristo sobre a morte, sobre o pecado e o sofrimento, sobre o inferno. Este é o dia em que a Igreja celebra a instituição dos grandes sacramentos da ordem e da Eucaristia. Pois Jesus é o grande e eterno Sacerdote, mas quis precisar de ministros sagrados, retirados do meio do povo, para lavar os pés da humanidade, levando ao mundo a salvação que Ele mesmo conquistou, tamanha a potência da Sua Morte e Ressurreição. Jesus, desejou ardentemente celebrar àquela hora.
Na celebração da Páscoa, após ter instituído o sacramento da Eucaristia, O senhor disse aos discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. E com as seguintes palavras, Ele instituiu o sacerdócio cristão:
“Então, tomando uma taça, deu graças e disse: Tomai isto e reparti entre vós; pois Eu vos digo que doravante não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E tomou um pão, deu graças, partiu e deu a eles, dizendo: Isto é o meu corpo que é dado por vós, fazei isto em minha memória.” (Lc 22,17-19).
Naquela noite em que foi, muitas vezes, traído, Cristo nos amou mais ainda, pois bebeu o cálice da Paixão até a última e amarga gota. O Senhor lavou os pés dos discípulos. Fez esse gesto marcante, que era realizado pelos servos, para mostrar que, no Seu Reino, “o último será o primeiro”, e que o cristão deve ter como meta servir e não ser servido.
E por causa daquela bendita noite, em que Jesus fez várias promessas importantíssimas à Igreja, que acabara de instituir sobre Pedro e os apóstolos, que nossa Senhora, A Virgem Vigilante por excelência, esteja atenta ao nosso clamor e nos ajude a usufruir plenamente, cada aspecto da salvação operada pelo Cordeiro de Deus, trazidos por Ele à cada homem, para que sejamos dignos das promessas de Cristo
Sexta (kenosis do Senhor)
A sexta-feira é o único dia “em que o centro da liturgia da Igreja e sua culminância não é a Eucaristia, mas a cruz, ou seja, não o sacramento, mas o que ele significa[2]” Este é o dia que olhamos para cruz, ou melhor adoramos a cruz. Nós somos chamados a amar a cruz, pois a cruz de nosso Senhor é uma segurança para nós[3]
Neste dia uma graça toda particular envolve a Igreja, pois ela celebra a morte do Senhor. Ele se entregou por nós, neste dia rezamos com o quarto canto do servo do Senhor que diz: “Eram nossas doenças que ele carregava, eram nossas dores que ele carregava em suas costas. E nós achávamos que ele era um homem castigado, um homem ferido por Deus e humilhado.” (cf. Is 53,3–4) Este texto se encaixa perfeitamente ao mistério celebrado. Jesus se entrega injustamente para nos salvar, a cruz não é um sofrimento estéril, ela gloriosa, ela dá frutos.
No evangelho é sempre lido a paixão segundo João, pois a Paixão narrada por João mostra a suprema manifestação do amor do Pai, a entrega de Jesus feita com liberdade e consciência nos mostra os sinais da sua divindade, do seu esvaziamento da sua doação total.
Neste dia não há a liturgia eucarística, mas a adoração da cruz, pois a liturgia é voltada para o sacrifício cruento da cruz. A cruz é um escândalo, era maldição, era humilhação, mas se tornou sinal de salvação, árvore da vida, libertação.
“Que acontecimentos tão decisivos se deram na cruz para justificar essas asserções? Deu-se que o Senhor venceu definitivamente o mal, sem com isso destruir a liberdade de que é fruto. Não o venceu destroçando-o com a sua onipotência e excluindo para fora dos confins do seu reino, mas assumindo-o sobre si(…). Na cruz, Jesus ‘fez a paz, destruindo em si mesmo a inimizade’ (Ef 2,15s). Destruindo a ‘inimizade’, não o inimigo; destruindo ‘em si mesmo’, não nos outros[4].”
Neste dia sejamos levados por um profundo silêncio e piedade, pelo desejo de nos unirmos a Cristo, pelo desejo de também nós nos darmos pela humanidade que precisa ter uma experiência com a gratuidade do amor de Deus, peçamos ao Senhor a graça de nos darmos também dessa forma por amor e sem medo de tudo perder, sem medo de nós mesmos fazermos nós mesmo nosso esvaziamento total.
Sábado (Toda pequena e a esperança da Ressurreição)
O sábado santo é o dia que a “Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e morte, e abstendo-se do sacrifício da missa[5]”. Na verdade, o sábado santo é um dia alitúrgico (sem liturgia). Todo esse dia até a vigília deve ser de profundo silêncio e meditação, pois nesta noite, segundo uma antiga tradição é celebrada uma vigília em hora do Senhor. O missal vai dizer que os fiéis sejam como os que esperam o Senhor com suas lâmpadas acesas, para que ao voltar os encontre vigilantes e os faça sentar a sua mesa.
Assim como Jesus foi solidário com os vivos, na sua morte ele é solidário com os mortos, esta é a solidariedade última de Cristo com o homem que deve ser salvo. A morte não tem força sobre Jesus, pois ele enfrenta a morte na certeza que o Pai a vencerá não só para Ele, mas para todos.
O sábado santo seja um dia de silêncio em que nos retiramos para permanecer diante do Senhor e distante do mundo. Neste é o dia em que os apóstolos vivem o momento mais forte de crise na fé e na esperança. Nesse dia apenas Maria acreditou e esperou, sobre ela está recolhida toda a fé da Igreja. Não menção dessa espera na liturgia ou nos evangelhos, mas a Tradição assegura essa espera fiel de Maria.
Nós não podemos cansar de nos darmos gratuitamente por amor em favor da humanidade, de unirmos os nossos sofrimentos ao de Cristo e de viver tudo isso na espera como Maria na certeza de que o Senhor nos fará homens novos a cada dia e novos “Tomés” experimentarão do choque da ressurreição do Senhor.
É neste clima vigilante de espera e certeza da vitória de Cristo nos dirigimos para vigília pascal.
Domingo (A exaltação do Filho de Deus)
No domingo da Ressurreição de Jesus celebramos a sua vitória definitiva sobre a morte. Após dois dias de silêncio e dor, em que os discípulos viram o sofrimento de Jesus e o silêncio de Deus, Ele surge mais uma vez, glorioso como um homem novo. Ele dá um sentido profético, as ofertas amorosas e generosas dos apóstolos, dos mártires e de todos os cristãos, ao longo da rica e bendita história da Igreja, pois secção todo medo, todo desespero e a vida dos discípulos e a história da humanidade tomam uma nova direção, todos os tempos e lugares foram afetados com este acontecimento. A ressurreição de Jesus muda a vida daqueles que deixam que ele penetre profundamente em sua vida, em seu interior, mudando o seu ser
Sobre a importância da pascoa de Jesus, São Paulo, vai dizer: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé.” (1Cor 15,17)
O pecado fez de nós, seres humanos perdidos, criaturas decadentes, destinadas a morte e a dor. Ainda hoje em dia, muitos acreditam que sua existência, tão amada e querida por Deus, está findada ao fracasso e não há nada mais a esperar. A morte, em algumas pessoas, inspira terror e desespero, em outras, um modo, ainda que obscuro e incerto de acabar com o sofrimento. Victor Frankl psicólogo que viveu o sofrimento dos campos de concentração nazista na Segunda Guerra mundial vai dizer: “Quem tem sentido de vida, pode suportar qualquer coisa.”
Jesus ressuscitado, se apresentou aos seus discípulos nesse dia. Ao fazê-lo, Jesus mergulhou seus amados e fiéis discípulos, no bendito e santo oceano da esperança e do amor.