“Jesus manda aos seus discípulos que vão preparar o lugar para celebrar a ceia pascal. Foram eles que perguntaram: Mestre, «onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?» Enquanto contemplamos e adoramos a presença do Senhor no Pão Eucarístico, somos chamados também nós a interrogar-nos: Em que «lugar» queremos preparar a Páscoa do Senhor? Quais são os «lugares» da nossa vida onde Deus nos pede para o hospedarmos?”, perguntou o Papa em sua homilia, usando três imagens do Evangelho para responder estas perguntas.
Só Deus satisfaz a nossa sede
A primeira é a imagem do homem que traz um cântaro de água. Aquele homem, “completamente anônimo, serve de guia para os discípulos à procura do lugar que depois receberá o nome de Cenáculo”.
O cântaro de água é o sinal de reconhecimento: um sinal que faz pensar na humanidade sedenta, sempre à procura duma fonte de água que lhe mitigue a sede e a restaure. Todos nós caminhamos na vida com um cântaro na mão: temos sede de amor, de alegria, duma vida bem sucedida num mundo mais humano. E, para esta sede, não basta a água das coisas mundanas, pois trata-se duma sede mais profunda que só Deus pode satisfazer.
“Para celebrarmos a Eucaristia, é preciso primeiramente reconhecer a nossa própria sede de Deus. O drama atual é que muitas vezes se exauriu a sede. Apagaram-se as perguntas sobre Deus, afrouxou o anseio por Ele. Deus deixou de atrair, porque já não nos damos conta da nossa sede profunda. É a sede de Deus que nos leva ao altar. Se faltar a sede, as nossas celebrações tornam-se áridas. Deste modo, também como Igreja, não nos podemos contentar com o grupinho daqueles que habitualmente se reúnem para celebrar a Eucaristia; devemos ir pela cidade, encontrar as pessoas, aprender a reconhecer e despertar a sede de Deus e o anseio do Evangelho”, disse ainda o Pontífice.
Sair do pequeno quarto do nosso eu
A segunda imagem é a da grande sala no andar de cima. É lá que Jesus e os seus farão a ceia pascal e esta sala encontra-se na casa da pessoa que os hospeda.